Onda de manifestações já soma 46 mortos e ocorre há semanas, desde que Pedro Castillo foi deposto do poder após tentar um golpe de estado. Manifestantes pedem saída de atual presidente. Carro incinerado bloqueia pista de avenida em Ica, no Peru, durante onda de manifestações contra a presidente Dina Boluarte, em 6 de janeiro de 2023.
Martin Mejía/ AP
A retomada dos protestos no Peru contra o governo da atual presidente, Dina Boluarte, deixou na segunda-feira (9) 18 mortos em um único dia devido a confrontos entre manifestantes e policiais no sul do país.
As manifestações, que começaram no início de dezembro passado contra a destituição de Pedro Castillo da presidência, após ele tentar dar um golpe de estado, já somam 46 mortos, segundo contagem da Ouvidoria.
Dezessete pessoas morreram em confrontos com policiais na cidade de Juliaca, em Puno, segundo a Ouvidoria. Além disso, uma recém-nascida morreu porque não pôde ser evacuada para um hospital porque a estrada foi bloqueada devido às manifestações nesta região.
Com esse saldo, a segunda-feira (9) foi o dia mais letal desde o início dos protestos, em dezembro passado. Até agora, o dia mais violento havia sido 15 de dezembro, com oito mortos, segundo a Ouvidoria. Até agora, 46 vítimas foram contabilizadas no contexto dos protestos: 39 no confronto com as forças de ordem e outras sete devido a acidentes de trânsito ou em eventos ligados a bloqueios de estradas.
Os mortos nos confrontos eram jovens entre 21 e 35 anos, além de um menor de 17 anos, segundo os registros da Direção de Saúde de Puno. Três pessoas de 38, 50 e 55 anos também morreram. Quatro vítimas ainda não foram identificadas.
Um dos mortos era um jovem médico, Marco Samilán Sanga, 29 anos, que, segundo a Federação Peruana de Estudantes de Medicina Humana, morreu devido a disparos de pellets enquanto tratava dos feridos no confronto.
No final da tarde desta segunda-feira, a Ouvidoria da República informou sobre mobilizações, greves e bloqueios de estradas em 25 províncias.
Em comunicado, o Provedor de Justiça lembrou às Forças Armadas e à Polícia que “têm o dever de cumprir a regulamentação em vigor e as normas internacionais sobre o uso da força” e que o Ministério Público “deve realizar as investigações necessárias para identificar os responsáveis pelos a perda de vidas humanas (…) a fim de evitar todas as formas de impunidade”.
