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Esta foi a primeira reunião de Galípolo como presidente do BC, não a última de Campos Neto

Esta foi a primeira reunião de Galípolo como presidente do BC, não a última de Campos Neto

Copom votou de forma unânime em alta de 1 ponto na taxa de juros e sinalizou novos aumentos em 2025

A decisão do Copom em elevar a taxa de juros em 1 ponto, com sinalização de mais duas altas iguais nos próximos encontros, surpreendeu o mercado, o governo e a imprensa.

São muitos os sinais dessa escolha, entre eles, o de que esta foi a primeira reunião de Gabriel Galípolo como presidente do BC, cadeira que só vai assumir em primeiro de janeiro de 2025.

A força do comunicado e o compromisso de seguir com choque nos juros nos próximos encontros, quando estarão presentes três novos diretores que também assumem em janeiro, corroboram essa antecipação informal na condução do BC.

Campo Neto deixa o cargo depois de cinco anos como primeiro a conduzir o Copom com a independência legal da autoridade monetária. Seu legado será avaliado a partir de agora.

O calendário institucional ainda não virou, mas o real, que demanda tomada de decisão agora, porque não há mais como esperar, já dá posse a Galípolo. E a sua gestão será uma das mais duras desde o impeachment de Dilma Rousseff, quando país viveu crise fiscal e uma dupla recessão econômica.

A decisão deste último Copom de 2024 também dá a ele um alvará de credibilidade na condução da política monetária. Galípolo vinha pagando um pedágio com mercado duvidando de sua independência, dada sua proximidade com presidente Lula e a política.

É importante ressaltar o caráter simbólico do fato de que a última vez em que o BC subiu a taxa para 14,25% ao ano, foi em julho de 2015 sob comando de Alexandre Tombini.

Ele lá enfrentava crise de confiança de sua gestão no segundo mandato de Dilma Rousseff, o país já estava em recessão e, mesmo assim, os juros tiveram que subir porque a inflação rodava a dois dígitos.

O mercado deve reagir se reposicionando diante do aviso em letras garrafais do Copom. Os preços dos ativos podem corrigir os exageros cometidos por aversão a risco, mas também por impaciência com governo pelo atraso na correção da política fiscal.

Como disse Tony Volpon, colunista do CNN Money, o BC comprou tempo, mas não pode segurar o país sozinho por muito tempo.

A reação mais inesperada será da política. O Congresso Nacional está a dias de terminar o ano com as pautas mais importantes do governo Lula penduradas na negociação por emendas parlamentares.

Tudo está passando pelos plenários do parlamento, menos o que é prioridade para o país. Resta saber se a decisão do BC será forte o suficiente para mudar essa rota, ou provocar aceleração para o lado errado em Brasília.

Fonte: CNN Brasil

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