Fato Verdade

Campanhas à reeleição apostam em mais palanques com Lula do que com Bolsonaro nas capitais

Campanhas à reeleição apostam em mais palanques com Lula do que com Bolsonaro nas capitais

Levantamento da CNN baseado em estratégias de articuladores das campanhas aponta que presidente teria preferência em pelo menos 12 palanques de prefeitos; Bolsonaro, em 10

Nos palanques dos candidatos à reeleição nas maiores capitais do Brasil, a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ser mais requisitada que a de Jair Bolsonaro (PL).

A avaliação de interlocutores das campanhas ouvidos pela CNN é de que a associação à imagem de Lula pode ser positiva, enquanto Bolsonaro na foto pode impor um teto derivado da rejeição do ex-presidente.

O levantamento da CNN baseado em estratégias de articuladores das campanhas aponta que Lula teria preferência em pelo menos 12 palanques de prefeitos de capitais e Bolsonaro, em 10.

Recife e Rio
Populares nas redes, os candidatos à reeleição em Recife e no Rio de Janeiro contam com boas avaliações e gestões aprovadas pela população em pesquisas recentes.

João Campos (PSB) viralizou no fim de janeiro dançando no alto das ladeiras da capital pernambucana no anúncio de 800 escadarias construídas pela prefeitura.

Campos ainda não tem o apoio formal do PT de Lula. Ainda…

O PT estuda emplacar um vice na chapa do filho de Eduardo Campos, que é um dos prefeitos mais bem avaliados do país.

Campos fez gestos a Lula chamando ele de grande líder e exaltando a história política que une os dois. Interlocutores apontam que a avenida para Lula assumir o microfone em defesa de Campos está bem pavimentada.

Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio, está mais próximo do que nunca do presidente.

A ele ofereceu palanque e organizou eventos em 2022.

Paes deve assistir a uma eleição polarizada com Alexandre Ramagem, nome do PL escolhido por Bolsonaro, o que pode acabar tornando inevitável a presença do petista nos palanques cariocas, segundo interlocutores do prefeito.

Belém, São Paulo e Porto Alegre
Já para quem não ostenta bons números, a ida de Lula poderia estancar a sangria na busca pelo segundo mandato.

É o caso de Edmilson Rodrigues, do PSOL, prefeito de Belém. Chamado por Lula de “querido prefeito”, ele tenta evitar a fuga do PT da base aliada justamente pela rejeição.

Os dois partidos articulam parcerias em outras capitais, como a dobradinha em São Paulo.

Tanto na capital paulista quanto na capital gaúcha, os atuais prefeitos do MDB podem contar com o apoio de Bolsonaro.

O caminho em São Paulo está mais sólido, com uma indicação de vice vinda direta do próprio ex-presidente para Ricardo Nunes.

Estrategistas do atual prefeito, no entanto, querem uma campanha mais local, pretendendo explorar muito mais o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) do que a figura do próprio Bolsonaro.

À CNN eles disseram que vão lutar contra a nacionalização proposta pela aliança PSOL-PT, com Guilherme Boulos e Marta Suplicy.

Sebastião Melo pensa igual. O prefeito de Porto Alegre disse à CNN que a eleição local tem menos ideologia e mais coisas do dia a dia e que “ideologia não tapa buraco e não resolve vaga de creche”.

Belo Horizonte, João Pessoa, Salvador e Maceió
Como em Recife, em Belo Horizonte, o atual prefeito quer Lula em sua campanha.

As pesquisas reveladas por interlocutores de Fuad Noman (PSD) apontam que o efeito-Lula pode impulsionar a campanha dele.

Nas duas capitais, caso o PT abra mão da candidatura própria, teria guarida na chapa de quem tenta a reeleição.

Em João Pessoa, o atual prefeito, Cícero Lucena (PP), deve enfrentar um rival lulista e outro bolsonarista.

Apesar disso, Lucena já disse publicamente desejar o apoio do PT e elogiou Lula. Foram vários acenos públicos do prefeito em favor do presidente. Ou seja, a aliança na capital da Paraíba não está descartada.

Em Salvador e Maceió, os atuais prefeitos que estão no campo bolsonarista têm evitado conexões de imagem com o ex-presidente.

A capital alagoana é a única do Nordeste onde Lula perdeu para Bolsonaro em 2022. O prefeito João Henrique Caldas deixou o PSB, do vice de Lula, Geraldo Alckmin, e foi para o PL no meio da campanha para as eleições presidenciais. Agora, no entanto, tem se esquivado do tópico ‘Bolsonaro’.

Em dezembro, ele não recepcionou o ex-presidente na visita feita à capital alagoana.

Nenhum registro de qualquer encontro entre o presidente do PL de Alagoas e o ex-presidente foi publicado ao longo dos quase dez dias que Bolsonaro ficou no estado.

A possibilidade de JHC de pular do barco liberal antes das eleições é notícia na mídia local.

Boa Vista, Florianópolis e Palmas
Com o prefeito de Boa Vista, Roraima, Lula também teve uma troca de gestos de afago.Arthur Henrique (MDB) foi em julho de 2023 a Brasília para discursar no lançamento da nova fase do programa Mais Médicos e recebeu Lula em uma visita à cidade agora em janeiro.

Também do PSD, partido que integra a base de Lula, o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, fez campanha para Bolsonaro em 2022, mas pode acabar duelando com um liberal, mesmo estando alinhado com o governador bolsonarista Jorginho Mello (PL).

Não há registros recentes de Neto e Bolsonaro, mostrando um afastamento da imagem dos dois.

Da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, a única tucana no comando de uma capital, Lula já recebeu elogios, foi chamado de líder com direito a foto de sorriso e aperto de mãos divulgada pela prefeitura da capital do Tocantins.

Na pandemia, atitudes da mulher que se define como “conservadora e feminista” a afastaram de Bolsonaro e a fizeram criticar o ex-presidente. Aracaju e Cuiabá.

Se o registro é raro para a prefeita de Palmas, ele preenche a galeria de votos de Edvaldo Nogueira, que comanda Aracaju. A capital de Sergipe é controlada pelo PDT, partido da base de Lula.

Pelo histórico de Nogueira, inclusive com duras críticas a Bolsonaro no comando da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), ter Bolsonaro no palanque dele é simplesmente impossível.

Uma das presenças registradas no ato do último dia 8 de janeiro foi a do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB). Em Brasília, Pinheiro chamou Lula de “parceiro de Cuiabá”.

Há diálogos em curso para que o PT esteja na chapa da sucessão de Pinheiro, que está no segundo mandato e tem um vice do PV, partido que compõe federação com o PT.

Rio Branco, Teresina, Campo Grande e Porto Velho
Na capital mais distante dos centros econômico e político do país, Bolsonaro pode ter um trunfo. Ferrenho combatente do PT no Acre, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom disse em entrevista recente à TV Gazeta que pode migrar para o partido do ex-presidente.

“Se eu tiver que sair realmente do PP, evidentemente que a minha tendência é ir para o PL, e evidentemente que faço questão de que o nosso ex-presidente Bolsonaro esteja lá avalizando a minha chegada no PL”, disse ele.

Outro que já mostrou simpatia com o bolsonarismo foi o prefeito de Teresina, capital do Piauí.

José Pessoa Leal disse ter sido aventado para assumir o PL no início de 2022, mas acabou indo pro Republicanos, seu décimo primeiro partido. Ele exigia pelo menos seis anos de controle da legenda no estado.

Um dos favoritos em Teresina é o ex-prefeito Silvio Mendes, do União Brasil, que declarou apoio a Bolsonaro em 2022. Ele tem mais chances de reivindicar o apoio de Bolsonaro por ser próximo do ex-ministro Ciro Nogueira (PP).

Em Campo Grande, a prefeita Adriane Lopes também está bastante empenhada em buscar o apoio da família Bolsonaro.

O problema é que o PL tem planos de ter candidatura própria na capital do Mato Grosso do Sul. Caso isso não aconteça, palanque garantido para o ex-presidente no estado no oeste do país.

Em Porto Velho, Hildon Chaves também deve tentar fazer um sucessor.

Ele é do grupo de Mariana Carvalho. Ambos deixaram o PSDB e aderiram ao bolsonarismo. Se ela for onfirmada como a favorita dele, o palanque está mais aberto para Bolsonaro do que para Lula.

Fortaleza, Curitiba, São Luís, Goiânia e Manaus
As capitais ainda têm uma legião de prefeitos “nem-nem”, que estão num campo de terceira via e podem ter adversários dos dois partidos, PL e PT.

É o caso de José Sarto, do PDT, partido da base de Lula. Ele deve enfrentar o deputado estadual Evandro Leitão (PT) e Capitão Wagner (PL) em Fortaleza (CE).

Em Curitiba (PR), o vice de Rafael Greca, Eduardo Pimentel, deve ser o escolhido pelo mandatário em seu segundo mandato consecutivo para a sucessão. Ambos são do PSD, da base de Lula.

É também do PSD o prefeito de São Luís do Maranhão, Eduardo Braide, que ainda não deixou clara sua vontade em tentar a reeleição.

Esse é o mesmo cenário de Goiânia, comandada por Rogério Cruz, do Republicanos, que ainda não assumiu publicamente a vontade de ser candidato a continuar no posto. Há ainda a possibilidade de troca de lado.

Davi Almeida, prefeito de Manaus pelo Avante, apoiou Bolsonaro em 2022, mas recebeu verbas do governo federal e acabou se aproximando da equipe de Lula. Almeida e Lula trocaram elogios em 2023, chamando um ao outro de “estadista”.

Natal, Macapá e Vitória
Por falar em troca de lado, o prefeito de Natal talvez seja o exemplo mais objetivo desse movimento.

Álvaro Costa Dias, do Republicanos, foi coordenador da campanha do ex-presidente Bolsonaro na cidade em 2022 mas, um ano depois, deu uma guinada no sentido oposto.

Em outubro, Costa Dias deu entrevista à rádio 98 FM e disse que se considera um aliado de Lula.

“O meu partido tem um ministério no governo do presidente Lula. Meu partido tem 41 deputados que apoiam o governo Lula. Eu sou, independente de quem goste ou não goste, através do partido que participa da base de apoio do governo, um aliado do presidente Lula”, afirmou.

Em dezembro, o prefeito de Macapá, Antônio Furlan (Podemos), recebeu Lula no aeroporto da cidade, mas acabou se separando da comitiva presidencial.

No interior do estado, Lula reclamou da ausência do prefeito que, segundo a imprensa local, teria ido ao hospital para atender o chamado de uma paciente com problemas cardíacos.

Nas eleições, Furlan derrotou o irmão do senador Davi Alcolumbre, Josiel, para quem Bolsonaro pediu votos.

Em Vitória, o atual prefeito é uma jovem promessa do Republicanos.

Lorenzo Pazolini também deve ter adversários do PT e PL na tentativa de sua reeleição. Pazolini, que é delegado, está mais próximo de Bolsonaro do que de Lula e é um opositor do PT no Espírito Santo.

Busca por vice para compor chapa
Por fim, Nunes abordou a escolha de um nome para compor sua chapa no pleito de outubro. De acordo com o prefeito, ele se reunirá com os líderes dos partidos aliados para chegar a um consenso sobre quem deve acompanhá-lo nas urnas em outubro.

“O vice normalmente se escolhe muito perto da convenção, que vai acontecer em julho. Tem tanto nome que agora eu vou ter que fazer um trabalho de chamar todos os partidos, todas as lideranças e tentar achar um nome comum e de consenso. Eu acho que está muito cedo para essa discussão de vice. Acho que anteciparam demais esse tema.”

Na semana passada, Bolsonaro confirmou, em entrevista à Revista Oeste, ter indicado o nome do coronel Mello Araújo, ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), para ser vice de Nunes. Segundo o ex-presidente, a decisão sobre aceitar ou não a indicação está nas mãos do prefeito.

“Eu considero São Paulo um jogo de War. Apresentei um nome para o Valdemar [Costa Neto, presidente do PL], ele concordou e obviamente depende agora do Ricardo Nunes aceitar esse nome. Uma vez aceitado, está pacificado”, relatou Bolsonaro na ocasião.

Fonte: CNN Brasil

administrator

Related Articles

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *