No país também são registrados terremotos, porém de pequena intensidade. O Brasil ocupa uma posição privilegiada no globo por estar no centro de uma placa tectônica, enquanto os grandes abalos ocorrem onde há o encontro delas.
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As chances de um grande terremoto, como o que atingiu a Turquia nesta segunda-feira (6), acontecer no Brasil são remotas, mas o país não está livre de reflexos dos grandes abalos.
No Brasil, também são registrados terremotos, porém de pequena intensidade.
Em agosto de 2022, por exemplo, 8 tremores de terra foram registrados na costa do estado do Rio Grande do Norte.
Segundo a Rede Sismográfica Brasileira, o maior evento teve magnitude 3.7 e chegou a ser sentido pela população. Apesar disso, nessa magnitude, raramente o tremor causa danos.
A título de comparação, o primeiro tremor registrado na Turquia nesta segunda chegou à magnitude de 7,8 na escala Richter, uma das principais formas de medir a intensidade desses tremores.
A Richter funciona da seguinte forma:
Um tremor menor que 3,5 geralmente não é sentido, mas é gravado por sensores sismológicos;
Já um tremor entre 3,5 e 5,4 às vezes é sentido pela população, mas raramente causa danos;
Entre 6,1 e 6,9 ele pode ser destrutivo em áreas em torno de 100 km do epicentro;
No caso dos tremores classificados entre 7,0 e 7,9, como o da Turquia, sérios danos podem ser causados numa grande faixa;
Por fim, os terremotos de 8 ou mais podem causar danos graves em muitas áreas, mesmo que estejam a centenas de quilômetros.
Embora não haja limite para a escala, nunca houve terremotos com magnitude de 10 ou superior (entenda mais como funciona a escala abaixo).
Conforme explicou o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Assumpção, no caso do Brasil, podemos sentir as vibrações de um terremoto de grande intensidade, que percorrerem milhares de quilômetros.
“Podemos sentir quando algum abalo sísmico tem epicentro na região dos Andes, como o Chile, o Peru e a Colômbia, que são os países onde acontecem os maiores tremores na América do Sul”, afirma.
Apesar disso, o Brasil ocupa uma posição privilegiada no globo por estar no centro de uma placa tectônica (veja no mapa abaixo), enquanto os grandes abalos ocorrem onde há o encontro delas, segundo Assumpção.
“O Brasil é um dos países mais calmos do mundo. Apenas algumas regiões da Antártida e o Centro-Leste dos Estados Unidos, que também ficam no interior de placas, são tão calmas”, diz.
Mapa mostra a divisão das placas tectônicas da crosta terrestre.
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Apesar da intensidade ser menor, o Brasil também é atingido por abalos sísmicos que têm o epicentro aqui. Os tremores em território brasileiro ocorrem principalmente no Nordeste e nunca causaram grandes danos, apenas balançam os móveis, derrubam pequenos objetos e provocam uma sensação de desequilíbrio por alguns segundos. Os estados mais atingidos são Ceará e Rio Grande do Norte, segundo Assumpção.
“Mesmo no centro da placa, recebemos pressão em todos os pontos e ela provoca os pequenos abalos. Os tremores em algumas regiões são mais frequentes, porque são locais em que a pressão é maior ou é uma área mais fraca da crosta, mais fina”, afirma. “No Oceano Atlântico, há muitos terremotos, mas acontecem longe da costa e raramente sentimos os reflexos. Eles são mais comuns em terremotos nos Andes”.
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Maiores terremotos na história recente do Brasil
A Serra do Tombador, em Mato Grosso, teve um abalo que atingiu 6,6 pontos na escala Richter em 1955. Foi o maior terremoto em território brasileiro, segundo o professor, mas não causou danos porque a região era desabitada na época. “Em 1998 e 2005, houve outros tremores de baixa intensidade, mas não causaram danos. Só assustaram o pessoal”, diz.
Já em 2022, um terremoto de magnitude 6,5 atingiu a região da fronteira entre o Peru e o Brasil. O tremor ocorreu por volta de 22h no horário de Brasília, a uma profundidade considerada alta, de 616 km e a cerca de 111 km da cidade de Tarauacá, no Acre.
Segundo o Centro Alemão de Pesquisa em Geociências, na Turquia, o epicentro do tremor desta segunda foi a 10 quilômetros da superfície, uma profundidade considerada baixa, muito próxima ao solo.
Já em 1986, João Câmara, no Rio Grande do Norte, teve um abalo sísmico de magnitude 5,1. O tremor fez casas desabarem e milhares moradores deixarem a cidade. Mais de 10 mil pessoas ficaram desabrigadas.
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