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Como o Pix mudou, em 5 anos, o relacionamento do brasileiro com o dinheiro

Como o Pix mudou, em 5 anos, o relacionamento do brasileiro com o dinheiro

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil


Por Lucas Keske, William Brizola e Cindy Damasceno, do Estadão 

Rápido e fácil de usar, o Pix caiu nas graças dos brasileiros desde seu lançamento, em 2020. Hoje, prestes a completar cinco anos, no domingo, 16, o sistema de pagamentos instantâneos mostrou ser mais que uma simples alternativa de transferência: virou a forma como o País se relaciona com o dinheiro.

A dimensão da importância do sistema no País aparece nos números: em outubro de 2025, por exemplo, mais de 90% da população adulta fez, pelo menos, uma transferência via Pix. É o que revela o estudo ‘Geografia do Pix’, do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGVcemif), atualizado com exclusividade para o Estadão.

Em poucos anos, o Pix se transformou em um dos maiores sistemas de transferências instantâneas do mundo, movimentando trilhões de reais e alcançando todas as faixas da população, dos grandes centros urbanos ao interior. Além de facilitar a vida do consumidor, o Pix alterou o funcionamento do varejo, dos bancos e até da arrecadação pública.

Agora, o desafio é consolidar essa revolução financeira em meio à chegada de novas funcionalidades e à necessidade de manter o sistema seguro diante do aumento das tentativas de fraude. A partir de ontem, até domingo, o Estadão publica uma série de reportagens que vai mostrar as implicações do sistema no dia a dia dos brasileiros e na economia nacional, além das perspectivas do que vem pela frente.

Lançado pelo Banco Central (BC), o Pix teve adesão imediata. No primeiro mês, já somava 9 milhões de usuários; no segundo, o número saltou para 25 milhões. Em menos de dois anos, metade da população brasileira realizava ao menos uma transferência do tipo por mês.

A expansão, porém, não ocorreu de forma uniforme. As cidades com maior infraestrutura tecnológica e renda aderiram primeiro ao sistema, observa Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV.

Essas diferenças explicam por que o avanço do Pix se deu em ritmos distintos pelo País, com métricas desiguais sobretudo entre as regiões Sul, Centro-Oeste e Norte.

Segundo o estudo da FGV, hoje são os brasileiros da região Norte que utilizam o Pix com mais frequência. Cinco dos seus Estados lideram as médias de transações por usuários: Amazonas, Amapá, Pará, Acre e Roraima.

Ao mesmo tempo, é o Amazonas que apresenta a menor média de valores enviados em cada transferência, menos de R$ 120. A situação é semelhante em Estados do Nordeste que apresentam o mesmo padrão: um grande número de transações por usuário e menores valores em cada transferência.

Do outro lado, o Estado que apresenta a menor quantidade de transações por usuário, Santa Catarina, tem uma média de valores transferidos bastante alta, por volta de R$ 240.

A maior média de valores transacionados em cada Pix é registrada em Mato Grosso. O valor médio de cada transação ultrapassa os R$ 280.

Entre os fatores que podem explicar os números, estão os índices de bancarização da população de cada região antes do lançamento do Pix, assim como a inclusão digital dos municípios. Ou seja, o avanço mais lento em algumas regiões pode estar ligado a quanto as pessoas já usavam serviços bancários e quanto tinham acesso à tecnologia antes do sistema ser lançado.

Além disso, os dados também sugerem que os hábitos de consumo das regiões influenciam o uso do Pix. Por exemplo: enquanto transferências de maior valor continuam sendo feitas, em muitos casos, por TED ou cartão de crédito, o sistema instantâneo ainda se concentra nas compras e pagamentos do dia a dia.Edit

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