No primeiro dia de contestação oficial, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recebeu 480.660 acessos de beneficiários que identificaram descontos em seus pagamentos mensais até as 16h desta quarta-feira (14).
Desses, 473.940 declararam não reconhecer o vínculo com as entidades responsáveis pelos débitos, o que representa 98,6% dos casos. Outros 6.720 acessaram o sistema, mas não finalizaram o pedido de reembolso.
A mobilização ocorre após operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, que revelou um esquema de descontos fraudulentos em benefícios do INSS.
Segundo o presidente do instituto, Gilberto Waller, e o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, que participaram de coletiva de imprensa, 41 associações foram questionadas pelos segurados. Isso representa a totalidade das entidades cadastradas no sistema. O INSS enviou ofício a todas elas exigindo comprovação dos vínculos declarados — o prazo para resposta é de 15 dias úteis.
Caso não consigam justificar os débitos, as associações terão de devolver os valores. “Esse pagamento não vai para a conta do segurado, vai para o Tesouro e o INSS vai ressarcir em folha”, explicou Waller. Ele ainda alertou os beneficiários: “Não informe nada a ninguém, não assine nada, não dê qualquer tipo de informação”.
Além disso, a plataforma “Meu INSS”, que agora conta com uma seção específica para contestar os descontos, foi acessada 1,6 milhão de vezes nesta quarta-feira.
No entanto, 738 mil usuários não apresentavam qualquer desconto ativo, o que levou o presidente do INSS a pedir cautela: “Estamos atendendo pessoas que sofreram fraudes, então, curiosos, não acessem o sistema, isso vai dificultar ainda mais esse acesso”.
Na terça-feira (13), o INSS notificou cerca de 9 milhões de aposentados e pensionistas que tiveram descontos nos últimos cinco anos e que, portanto, podem ter sido atingidos pela fraude. Agora, os que se sentirem lesados já podem formalizar a contestação pelo aplicativo.
Waller reforçou que o processo seguirá aberto indefinidamente. “Esse pedido não tem prazo para terminar. Nenhuma comunidade vai ser alojada ou retirada desse procedimento”, garantiu. O objetivo do governo é identificar todas as vítimas do esquema e iniciar o processo de restituição dos valores indevidamente cobrados.
(Foto: EBC; Fonte: G1)