As mortes em ações policiais cresceram 235% em Salvador e na região metropolitana no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024, segundo relatório divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado nesta segunda-feira (21).
O levantamento aponta que o número de mortos em ações subiu de 17 para 57 ocorrências. O total de chacinas policiais também aumentou de cinco para 14.
O relatório também mapeou 839 tiroteios na Bahia entre janeiro e junho, com 700 mortos e 164 feridos. Do total, 42% ocorreram durante ações policiais, que resultaram em 43,5% das mortes e 26% dos feridos registrados.
O número de baleados em operações policiais também teve um acréscimo de 12%: passou de 309 em 2024 (248 mortos e 61 feridos) para 347 em 2025 (305 mortos e 42 feridos).
Segundo o levantamento, também houve o crescimento de adolescentes baleados por agentes de segurança: foram 14 nos primeiros seis meses de 2025, contra três no mesmo período do ano passado, registrando um aumento de 367%.
De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, ao menos 40% desses adolescentes foram atingidos durante ações ou operações policiais.
Bairros e municípios mais afetados
Salvador concentrou a maior parte dos tiroteios registrados nos primeiros seis meses de 2025: 611 casos, com 485 mortos e 129 feridos, o que representa 73% dos confrontos armados mapeados.
Em seguida, aparecem os municípios de Camaçari, com 76 tiroteios, Dias D’Ávila, com 37, Lauro de Freitas, com 35 e Simões Filho, com 21 casos.
Os bairros da capital baiana mais atingidos pela violência armada foram:
- Lobato;
- Beiru/ Tancredo Neves;
- Mussurunga;
- Fazenda Coutos;
- Narandiba.
Ao todo, 69 pessoas foram baleadas dentro de suas casas, sendo que 64 morreram e cinco ficaram feridas.
Perfil das vítimas
Conforme o relatório, entre as 864 pessoas baleadas no semestre, 809 eram adultas, representando 94% do total: 668 morreram e 121 ficaram feridas.
Também foram atingidos 35 adolescentes, 11 idosos e três crianças. Em relação ao gênero, 91% das vítimas eram homens. Das 64 mulheres baleadas, quatro foram vítimas de feminicídio ou tentativa.
No primeiro semestre de 2024, as vítimas foram: 822 adultos, com 652 mortos e 170 feridos, 30 adolescentes, sendo 24 mortos e seis feridos, seis idosos mortos e duas crianças feridas.
Do total de baleados, 784 eram homens, 91% do total, dos quais: 658 foram mortos e 126 ficaram feridos. Entre as mulheres, 64 vítimas: 39 mortas e 25 feridas. Neste recorte, quatro mulheres foram vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio em 2025.
A maioria das vítimas identificadas racialmente era negra: 370 pessoas. Apenas 17 eram brancas, enquanto 476 não tiveram a raça especificada.
Entre os agentes de segurança, 17 foram baleados e, destes, cinco morreram. No mesmo período de 2024, foram 16 agentes de segurança atingidos, com sete mortes.