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Republicanos dão show de desunião na escolha de presidente da Câmara dos EUA

Republicanos dão show de desunião na escolha de presidente da Câmara dos EUA


Líder da maioria, Kevin McCarthy enfrenta resistência de radicais do partido e é derrotado em duas votações. Impasse beneficia filho de brasileiros eleito deputado e envolvido em escândalo. O líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, coloca a mão no rosto enquanto conversa com colegas no plenário da Câmara durante a votação em que concorre para ser o próximo presidente da casa
Reuters/Jonathan Ernst
Era para ser o momento de consagração para os republicanos, que recuperaram, com a estreita margem de quatro cadeiras, o controle da Câmara dos Representantes dos EUA. Mas na sessão de abertura do novo Congresso, o que se viu foi uma disputa acirrada dentro do partido para escolher o presidente da Câmara. O líder da maioria republicana, Kevin McCarthy, enfrentou uma rebelião aberta, oriunda da ala radical do partido, e foi humilhado publicamente ao perder a primeira e a segunda rodadas de votação.
Pela primeira vez desde 1929, ninguém obteve os 218 votos necessários para assegurar a nomeação ao cargo, o terceiro na hierarquia de poder dos EUA. Numa demonstração de união do partido e outro golpe para McCarthy, o líder da minoria democrata, Hakeem Jeffries, conquistou o maior número de votos – 212 –, mas ficou aquém do mínimo exigido.
George Santos, deputado de origem brasileira eleito nos EUA
Campanha de George Santos/Divulgação via REUTERS
A segunda votação reforçou o resultado da primeira: 19 republicanos contra McCarthy. Sacramentou também a a amarga realidade do partido, exposto a fissuras aparentemente insolúveis.
Ainda que consiga o cargo, ficou claro que, como líder da maioria republicana, McCarthy, ou quem quer que seja eleito, será refém da ruidosa minoria de extrema direita no interior de seu partido.
Até que o presidente seja escolhido, nada acontece na Câmara. O impasse beneficia o deputado republicanos George Santos, filho de brasileiros, que estreia na Casa envolvido em uma série de fraudes sobre seu currículo.
Ele admitiu ter mentido sobre a formação escolar e experiência profissional e enfrenta uma investigação federal sobre a origem de suas finanças. Entre as fantasias que apresentou, disse ser judeu e que seus avós fugiram do Holocausto – mentiras desmentidas pelo jornal “The New York Times”.
Santos é alvo de pedidos de renúncia antes mesmo de iniciar suas funções na Câmara. Mas, em função do impasse na escolha do presidente da Casa, contou com o silêncio providencial de Kevin McCarthy sobre as denúncias que o cercam. Em contrapartida, votou nele.
Isolado no plenário pelos demais correligionários e na companhia apenas de seu celular, Santos emanava constrangimento e lembrava um aluno desenturmado no primeiro dia de aula. Para que as investigações sobre as mentiras e a origem dos recursos de campanha avancem, como querem os democratas e parte dos republicanos, a Câmara precisa definir primeiro seu presidente.

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