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Vetos de Lula ao marco fiscal não agradam mercado, dizem especialistas

Vetos de Lula ao marco fiscal não agradam mercado, dizem especialistas

Presidente retirou partes que tratam de limitação de despesas com investimentos e da apuração da meta de resultado primário

“O que a gente tende a ver é um pessimismo do mercado com relação a essas exceções que foram aprovadas no novo marco fiscal”, afirma Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos.

O principal índice da bolsa brasileira fechou a sessão na véspera com perda de 1,53%, aos 115.741 pontos.

Manobra para investimentos
Um dos trechos vetados por Lula trata de uma restrição de investimentos do governo federal caso o Executivo precise limitar empenhos e pagamentos para atingir o mínimo da meta de resultado primário.

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o mercado não esperava a decisão, mas a classificou como “compreensível”, já que a manutenção do texto poderia tirar espaço para a flexibilidade em investimentos.

“Não que seja justificável, mas já que o governo não quer reduzir despesas, ele também não quer reduzir investimentos. São duas medidas impopulares”, avalia.

“Tendo um orçamento apertado e rígido, como é com mais de 95% de despesas obrigatórias, é óbvio que ele iria vetar um trecho que tiraria dele essa capacidade de investimento num momento de desequilíbrio fiscal”, acrescentou.

Segundo Dias, a retirada dos trechos dá ao governo maior margem para agir de maneira “anticíclica”.

“Se a gente tiver uma crise no exterior e isso diminuir a demanda geral da economia, o governo pode ser um indutor dessa demanda por investimentos em infraestrutura, como foi com o PAC”, diz.

O especialista também pontua que a medida é importante para que Lula tenha mais poder político, inclusive em uma possível reeleição.

“Uma vez que fazendo investimentos pesados em infraestrutura, ele consegue ativar a economia, gerar empregos e ter um discurso positivo de crescimento para a população”, avalia.

Exclusão de despesas primárias do resultado
Outro trecho vetado pelo presidente, com indicação da pasta do Planejamento, determina que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não pode excluir despesas primárias da meta de resultado primário.

A justificativa do governo para a retirada desta parte no marco fiscal é de que a eventual exclusão é uma “medida excepcional” e, por isso, deve ser autorizada na LDO.

A Presidência da República afirma que a LDO de 2023 já prevê que o impacto de operações com precatórios — que são as dívidas do governo reconhecidas pela Justiça — não será contabilizado na meta de resultado primário.

“Deve haver pressão para acontecer isso em investimentos, por mais que o governo fale que seja só em precatórios. São brechas que vão sendo abertas e que demandarão atenção ano que vem”, comenta o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

Já na visão de Agostini, a medida também visa maior poder de investimento do governo.

No entanto, ele afirma que os vetos não tiram a eficiência do marco fiscal

“Só vetar esses dois trechos, no meu entendimento, não tira a eficiência do arcabouço — só em questões muito específicas — mas ainda assim não tira eficiência”, conclui.

Veto pode ser derrubado no Congresso
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta sexta-feira (1º) que o veto de Lula ao trecho do marco fiscal que impede o governo de retirar da meta “quaisquer despesas” deve ser derrubado pelo Congresso Nacional.

“É prerrogativa do presidente o veto a qualquer matéria legislativa que ele julgue que possa prejudicar o governo, mas também é prerrogativa do Congresso derrubar o veto”, disse Lira, durante o evento da XP Investimentos, em São Paulo.

Segundo Lira, a casa legislativa está à disposição para um “debate franco” sobre as medidas necessárias para a eliminação do déficit das contas primárias.

Fonte: CNN Brasil

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