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Em quarta votação, republicanos falham novamente para definir presidente da Câmara dos EUA

Em quarta votação, republicanos falham novamente para definir presidente da Câmara dos EUA


Grupo radical dentro do Partido Republicano está impedindo que Kevin McCarthy, que consideram moderado demais, assuma a presidência da casa. O deputado Kevin McCarthy assiste à quarta rodada de votação para um novo presidente da Câmara em Washington, EUA, em 4 de janeiro de 2023
REUTERS/Evelyn Hockstein
A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (4), mais uma vez não conseguiu eleger um presidente, algo inédito em 100 anos, devido a divisões entre os republicanos, que agora têm maioria na Casa.
Na sessão da terça, foram três votações sem definir uma maioria absoluta de 218 votos.
Veja como ficaram os placares das votações
O republicano Kevin McCarthy, favorito para substituir a democrata Nancy Pelosi, não foi capaz de acalmar a revolta de um grupo de apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que o consideram moderado demais.
Os congressistas decidiram adiar a sessão até esta quarta para ter tempo de negociar nos bastidores.
Apesar do candidato democrata Hakeem Jeffries aparecer na frente nas votações, o partido não tem maioria na Câmara e a possibilidade dele conseguir 218 votos é bastante remota.
Os republicanos, que obtiveram uma apertada maioria dos assentos da Câmara, pretendem usar essa vantagem para abrir uma série de investigações que têm como alvo o presidente americano, o democrata Joe Biden, entre elas sobre a forma como ele gerenciou a pandemia de Covid-19.
Mas, antes disso, eles precisam chegar a um acordo sobre quem irá presidir a Câmara dos Representantes, para que os legisladores possam prestar juramento. Sem isso, os novos deputados não podem assumir o cargo.
Após o fim da sessão, Trump criticou uma “agitação supérflua” dentro do Partido Republicano, pelo qual o magnata pretende disputar novamente as eleições presidenciais em 2024. Trump endossa McCarthy como presidente da Casa.
O republicano Kevin McCarthy (mais à direita) conversa com seus colegas de partido e também deputados Jim Jordan e Chip Roy nesta quarta (4) no Capitólio
Reuters/Evelyn Hockstein
218 votos
A eleição do titular da Câmara baixa, conhecido como “speaker”, terceira figura mais importante da política americana, requer uma maioria de 218 votos. Esse número pode ser menor caso algum deputado se abstenha de votar.
McCarthy não alcançou este número após três rodadas de votação na terça devido à oposição de cerca de 20 congressistas partidários de Trump.
A candidatura de McCarthy conta com um apoio amplo dentro do seu partido. De fato, o anúncio de sua indicação na terça-feira no plenário foi recebido com aplausos de pé nas fileiras americanas.
No início da terceira rodada, o desconforto era palpável. Republicanos mais moderados estavam pedindo a seus colegas que apoiassem McCarthy.
“Viemos aqui para fazer coisas”, disse o líder republicano Steve Scalise, arrancando risos dos democratas.
Ao longo das votações, o partido de Biden se uniu em torno da candidatura do líder democrata Hakeem Jeffries, aplaudindo-o sob gritos de “Hakeem, Hakeem, Hakeem!”. Mas ele não tem votos suficientes para ser eleito.
A eleição do presidente da Câmara dos Representantes pode ser decidida em horas, ou levar semanas. Em 1856, demorou dois meses.
McCarthy parece estar disposto a fazer concessões aos mais conservadores para evitar que a história se repita, uma vez que, em 2015, a ala mais à direita de seu partido o impediu de ocupar o cargo.
Mas tampouco pode se dar ao luxo de se colocar contra os republicanos moderados. Embora a margem de manobra de McCarthy seja reduzida, no momento ele não tem um adversário forte. Como possível alternativa, circula apenas o nome de Jim Jordan.
Donald Trump e Kevin McCarthy em foto de arquivo de 14 de janeiro de 2018
REUTERS/Kevin Lamarque
Cenário beneficia Biden?
Com os republicanos no controle da Câmara dos Representantes, Biden e os democratas perderam poder para aprovar novas iniciativas. O mesmo acontecerá com os republicanos no Senado, onde os democratas são maioria.
Para se alinharem em uma oposição sistemática, os republicanos teriam que estar unidos. No entanto, na votação do orçamento, em dezembro, viu-se alguns votando com os democratas.
Com a eleição do “speaker”, a desunião saltou à vista novamente.
Uma Câmara hostil poderia, inclusive, beneficiar Biden, caso ele confirme sua intenção de voltar a se candidatar à Presidência em 2024.
O presidente é cauteloso ao comentar as divisões republicanas. Sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, assegurou que o líder democrata não “se intrometerá neste processo”.
Em caso de paralisação legislativa, o presidente americano deve culpar os republicanos pelo bloqueio, na esperança de se beneficiar politicamente.
O presidente dos EUA, Joe Biden, fala à imprensa antes de embarcar em Washington, EUA, em 4 de janeiro de 2023
REUTERS/Leah Millis

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