By A população de Itambé foi surpreendida com o anúncio do fechamento do Hospital Regional São Sebastião, única unidade com pronto atendimento do município. O hospital comunicou oficialmente a suspensão dos atendimentos a partir dessa segunda-feira (05), encerrando uma história de 72 anos de serviços prestados à comunidade.
O anúncio foi feito na sexta-feira (2) por meio de um Ofício Circular assinado pelo provedor Uilliam Lima Nery e pelo diretor clínico Anderson Gabriel Sapucaia Pinto. O documento revelou que a instituição enfrenta uma crise financeira sem precedentes, com bloqueios judiciais frequentes e dívidas que se arrastam há mais de uma década.
Entre janeiro e abril deste ano, o hospital arrecadou R$ 610.970,68, mas sofreu bloqueios judiciais no valor de R$ 286.753,26, o que inviabilizou o pagamento de contas essenciais, como salários, alimentação e medicamentos. A folha de pagamento gira em torno de R$ 150 mil por mês.
Um dos casos mais graves citados no ofício foi uma ação judicial trabalhista, movida por um médico que atuou por cinco anos na unidade. O valor da causa ultrapassa R$ 3,6 milhões, contribuindo para o colapso das finanças da Santa Casa de Misericórdia de Itambé, mantenedora do hospital.
A situação foi apresentada às autoridades locais em reunião no último dia 25 de abril, com a presença do prefeito José Cândido Rocha Araújo (Candinho), do vice-prefeito Marcos Antônio da Silva (Marquinhos de Mônica) e secretários municipais. No encontro, os gestores detalharam as dívidas acumuladas com fornecedores, medicamentos, alimentos, insumos e causas trabalhistas.
Durante anos, o hospital se manteve de pé graças ao apoio da população, que sempre contribuiu com doações de alimentos, produtos e campanhas solidárias.
POPULAÇÃO VAI ÀS RUAS
Com o clima de revolta tomando conta da cidade, moradores interditaram a Rodovia BA-263 na manhã deste sábado (3) em protesto contra o fechamento da unidade. A via liga Vitória da Conquista ao Sul do Estado e é o principal acesso ao município.
Em um ato de resistência, a população usou pneus queimados para bloquear os dois sentidos da pista, exibiu cartazes com mensagens de apoio ao hospital e exigiu uma solução imediata das autoridades. A manifestação expressou o clamor popular pelo direito à Saúde e foi marcada por forte presença de famílias inteiras.
Ao final do protesto, os manifestantes definiram que nova mobilização ocorrerá na segunda-feira (5), data em que o hospital será oficialmente fechado. Eles exigem um Plano de Contingência por parte do poder público para garantir o mínimo de assistência médica à cidade e à microrregião.
