Universidade perdeu mais de R$ 17 milhões em bloqueio orçamentário no início do mês. Segundo reitora, nesta quinta-feira (8) foram liberados R$ 2,6 milhões para repassar aos bolsistas. Universidade de Brasília (UnB), em imagem de arquivo
TV Globo/Reprodução
A reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, afirmou, nesta quinta-feira (8), que quitou as dívidas com as bolsas de assistência estudantil (PNAES), que estavam atrasadas há um dia. Em uma rede social, a reitora disse que a instituição recebeu R$ 2.682.981,80 do governo federal.
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No dia 1° de dezembro, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu mais de R$ 17 milhões da UnB (veja mais abaixo). Segundo a reitora, o dinheiro liberado nesta quinta é suficiente apenas para pagar o auxílio estudantil.
Márcia Abrahão fala sobre pagamento de auxílio estudantil na UnB
Twitter/Reprodução
Segundo a UnB, não há recursos para pagar contratos do Restaurante Universitário, da segurança, de manutenção, de limpeza e todas as demais despesas previstas para o mês, incluindo projetos de pesquisadores.
Os departamentos de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional e de Administração da instituição concluíram que “a Universidade está impossibilitada de efetuar pagamentos das despesas já liquidadas e de realizar novos empenhos”.
Estudantes reclamam
Adolfo Filho, beneficiário de assistência estudantil da UnB
Reprodução
Antes do pagamento da bolsa, o g1 ouviu estudantes que dependem auxílio. O medo deles era de ficar sem conseguir pagar aluguel e até de não conseguir comprar alimentação durante o mês.
Adolfo Silva Lago Filho, que cursa ciências sociais, disse que ficou sem receber a bolsa de R$ 460 e não sabia como iria fazer para pagar as contas. De acordo com ele, o dinheiro é usado para despesas em casa e eventuais dívidas com o cartão de crédito, que é usado com gastos nos estudos.
“Nunca passei por essa situação”, diz o estudante.
Daniel Abelo, que faz mestrado em matemática, disse que as bolsas de pós graduação são pagas mediante contrato de exclusividade. Sem o valor, ele ficaria sem nenhuma fonte de renda.
“Não é só uma bolsa, é salário, é sustento, é comida na mesa. Tudo o que o estudante precisa para fazer o curso de pós-graduação na UnB”, conta Daniel.
Daniel Abelo, pós graduando em matemática
Reprodução
De acordo com o estudante de mestrado, cortes no orçamento e atraso no pagamento dos auxílios do estudante geram um sentimento de “frustração, descaso e falta de respeito com a pesquisa e com a educação”.
Já Iandara Pimentel Santana, que cursa jornalismo na UnB, afirmou que os cortes de orçamento já se tornaram perceptíveis.
“A gente percebe em pequenas coisas, como corte de água, de energia e diminuição de servidores”, diz Iandara.
Ela é beneficiada pelo bolsa atleta, que também sofreu impactos com a redução no orçamento. Sem o dinheiro, a aluna disse que não teria como se manter.
“Muitos precisam dessa bolsa para transporte, para ir aos treinos. Acho que isso prejudica muito o esporte, a universidade e a sociedade como um todo”, afirmou.
Entenda a cronologia dos bloqueios em 2022
Há três marcos negativos na gestão do Orçamento de Educação ao longo do ano:
Junho: corte de R$ 1,6 bilhão no MEC; para universidades e institutos federais, o valor retirado foi de R$ 438 milhões;
Outubro: bloqueio temporário de R$ 328,5 milhões para universidades e institutos; verba foi liberada posteriormente;
Novembro: congelamento de R$ 366 milhões, considerando recursos de universidades e institutos federais, sob a justificativa de respeitar a chamada regra do teto de gastos, que limita os gastos públicos.
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