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Como os drones se tornaram armas fundamentais na Guerra da Ucrânia

Como os drones se tornaram armas fundamentais na Guerra da Ucrânia


De aparelhos sofisticados a modelos comerciais, drones estão mudando forma como russos e ucranianos criam estratégias para avançar no conflito. Como os drones se tornaram armas fundamentais na Guerra da Ucrânia
Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro, os drones têm desempenhado papel fundamental no confronto. O conflito começou marcado pelos bombardeios com mísseis e a invasão maciça do território ucraniano com veículos blindados de Moscou, mas aos poucos os russos foram recuando e os veículos aéreos comandados à distância ganharam mais e mais importância para determinar os rumos das batalhas.
Os aparelhos utilizados vão dos sofisticados Shahed-136, conhecidos como “kamikaze”, que são usados pela Rússia e tem grande poder de destruição, até os DJI Mavic 3, drones comerciais usados pelos ucranianos para monitorar o inimigo.
Entre os principais usos dos drones, estão:
Funcionar diretamente como arma: o próprio drone carrega explosivos e, ao receber um comando, “mergulha” em direção ao alvo, explodindo;
Disparar projéteis e explosivos: o drone é equipado com armas que podem ser acionadas à distância, ou carrega granadas e pequenas bombas, que são lançadas após o aparelho receber um comando;
Vigiar o inimigo: o drone possui uma ou mais câmeras que permitem o monitoramento de alvos à distância e do alto;
Influenciar o psicológico do inimigo: o drone é utilizado para “perseguir” o inimigo, que é impactado ao perceber que sua posição foi descoberta pelo opositor.
Os drones ‘kamikaze’ usados pela Rússia
Já no início da Guerra, a Rússia começou a usar os drones iranianos Shahed-136, que ganharam o apelido de “kamikazes” pois são capazes de se transformar em armas para atacar alvos estratégicos, como estações de energia na Ucrânia, o que fez com que milhões de pessoas ficassem sem eletricidade no país.
Embora cause um grande estrago, a tecnologia tem suas desvantagens: por voarem muito baixo, os Shahed-136 têm que ser lançados em “bando”, para garantir que ao menos alguns atinjam o alvo. No início de outubro, as Forças Armadas da Ucrânia disseram que estavam interceptando 60% de todos os aparelhos do tipo.
O principal aparelho utilizado pelos russos é de fabricação própria e se chama Orlan 10. Sua principal função é disparar projéteis contra o inimigo.
Drones Kamikaze: conheça o equipamento usado pela Rússia para atacar a Ucrânia
Os drones comerciais utilizados pela Ucrânia
Os ucranianos entraram no conflito com cerca de 50 drones do tipo Bayraktar TB2, que pode ser armado com bombas guiadas a laser e realizar disparos à distância. Fabricados na Turquia, os aparelhos custam caro (cerca de R$ 10,8 milhões) e podem ser detectados e destruídos pela defesa aérea russa com certa facilidade.
O governo da Ucrânia se voltou, então, para pequenos modelos comerciais, como o DJI Mavic 3, que custa o equivalente a cerca de R$ 11 mil, e pode ser usado para lançar pequenos explosivos, como granadas, e para monitorar o território, graças à câmera que possui.
Além disso, de acordo com o governo ucraniano, grupos de civis que possuem drones comerciais passaram a realizar monitorar as atividades russas e compartilhar as descobertas com as autoridades.
O impacto dos drones no desenrolar do conflito
Para Dominika Kunertova, pesquisadora do Centro de Pesquisas sobre Segurança, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, a influência dos drones na Guerra da Ucrânia é inegável.
“Os drones [que estão sendo usados no conflito] não são a ‘bala de prata’ que trará a vitória, mas estes objetos voadores estão capacitando soldados individuais ou um grupo de soldados em um nível de esquadrão”, afirmou Kunertova.
Segundo a especialista, isso é particularmente importante porque permite que:
decisões estratégicas sejam tomadas de longe, com mais precisão e mais rapidamente;
explosivos e artilharias possam ser utilizados à distância, sem a necessidade de movimentar as tropas.
Esses pontos são vantajosos, explicou Kunertova, porque resultam na economia de tempo, dinheiro e ajudam a preservar vidas.
Drones comerciais como “descoberta” da Guerra
Kunertova acredita que a “descoberta” dos drones comerciais pelos militares é uma das principais consequências da Guerra na Ucrânia que já podem ser observadas.
Segundo ela, os drones militares mostraram ter um custo-benefício menor que o imaginado, pois são caros e fáceis de detectar e combater.
“Ambos os lados aprenderam que usar drones grandes e caros que carregam mísseis é ineficaz porque esta é uma guerra em que nenhum dos lados pode controlar os céus. Então, ambos os lados passaram a usar drones táticos menores”, explicou Kunertova.
Soldados ucranianos lançam um drone em posições russas perto de Bakhmut, região de Donetsk, Ucrânia, quinta-feira, 15 de dezembro de 2022
AP Photo/LIBKOS

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