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MP pede reprodução simulada e novas apurações sobre morte de jovens em ação policial ocorrida em Camaçari

MP pede reprodução simulada e novas apurações sobre morte de jovens em ação policial ocorrida em Camaçari

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) pediu, na quarta-feira (30), novas apurações sobre o caso dos jovens que morreram após serem baleados em uma ação da Polícia Militar (PM), em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

A abordagem aconteceu no dia 8 de julho. Os policiais envolvidos na ação alegam que Gilson Jardas de Jesus Santos, de 18 anos, e Luan Henrique, 20, foram atingidos após uma troca de tiros com os agentes. No entanto, a família dos jovens contesta a versão e diz que eles apenas estavam conversando. Os PMs seguem afastados das atividades administrativas e sem armas.

Segundo informou o MP-BA à TV Bahia, além de uma reprodução simulada do caso, vários outros elementos foram cobrados em documento enviado para a Polícia Civil (PC), responsável pela investigação. Confira os pedidos destacados pelo órgão:

  • sete laudos periciais, dentre os quais o necroscópico e o de balística;
  • todo conteúdo audiovisual realizado pela mãe de uma das vítimas;
  • realização de novas oitivas;
  • relatório dos antecedentes criminais, ações penais e boletins de ocorrência que envolvam as vítimas;
  • informações de eventuais antecedentes criminais e apurações sobre os policiais militares, especialmente quanto a situações similares.

Em nota, o órgão também reforçou que tem um procedimento instaurado para acompanhar a investigação policial sobre o caso e que aguarda a realização das diligências solicitadas para tomada das medidas cabíveis. No entanto, não foram detalhados o prazo dado à Polícia Civil e nem quais ações serão adotadas pelo MP-BA.

Segundo informou a mãe de Gilson, Maria Silvânia, os jovens eram amigos de infância e estavam na frente da casa dela, quando os policiais passaram na viatura, fizeram o retorno e os abordaram.

Ainda conforme relatado pela mulher, testemunhas viram o momento em que os policiais mandaram os dois jovens entrarem no imóvel. Em seguida, os vizinhos ouviram dois tiros. Depois, os corpos dos dois jovens foram retirados da casa e colocados no porta-malas.

Vídeos gravados por testemunhas, incluindo familiares dos jovens, mostram os jovens sendo retirados do imóvel e colocados dentro do carro da polícia. 

Desesperada com a situação, a mãe de um dos garotos se aproximou do veículo e contestou a versão dos policiais: “Senhor, vocês mataram meu filho”. O agente respondeu: “Sim, mãe, mas a gente vai dar socorro. Se demorar, é pior”. A mulher rebateu: “Ele não estava armado. Cadê a arma?”.

Em nota, a PM informou que uma equipe da 59ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Abrantes) fazia rondas no loteamento Canto dos Pássaros, quando foi surpreendida por homens armados.

Após uma troca de tiros, Gilson e Luan teriam sido encontrados baleados, com armas nas mãos. A corporação afirmou que os dois foram socorridos e levados para o Hospital Geral de Camaçari (HGC), mas não resistiram aos ferimentos.

De acordo com a corporação, com os jovens, foram apreendidas duas pistolas calibre .40 (ambas com numeração suprimida), uma espingarda calibre 12 (sem numeração) e uma pistola falsa.

A família de Gilson informou que ele tinha uma espingarda em casa, que usava para caçar passarinhos, e um simulacro para jogar airsoft, que é uma modalidade esportiva. As famílias não reconheceram as duas pistolas apresentadas pela polícia e também afirmaram que os policiais só chegaram no HGC duas horas depois.

Comandante-geral garante rigor na apuração

Dois dias após a ação, o comandante-geral da PM, coronel Antônio Carlos Silva Magalhães, garantiu rigor na apuração e punição dos agentes envolvidos no caso, se confirmada ação criminosa.

“Nós nos solidarizamos com as famílias pela situação específica e já adotamos as medidas preliminares investigativas, já pedimos ao Ministério Público para acompanhar. Se houve erro, nossos policiais vão pagar pelos seus erros. Minha Polícia Militar não é de erros, é uma polícia de busca constante por acertos”, afirmou o comandante-geral.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também comentou o caso na mesma ocasião. Além de se solidarizar com as famílias, ele afirmou que pediu para o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, tratar o caso com celeridade.

“Pedi ao secretário que pudesse zelar pela agilidade do procedimento para que a gente possa em breve ter a resposta de uma perícia, de um relatório, e assim tomar decisões a partir do que aconteceu”, afirmou.

Vale destacar que os policiais envolvidos na ação não usavam câmeras corporais. Em entrevista ao Bahia Meio Dia, também no dia 10 de julho, o delegado-geral da PC, André Viana, foi questionado sobre o assunto. Ele reconheceu que a tecnologia é importante para a elucidação de casos.

“Já existe um processo e estudo por especialistas no sentido de dar a devida análise referente a utilização dessas câmeras. Eu realmente entendo que nós temos que aprofundar todo aparato tecnológico que precisa ser aprofundado para dar as respostas que a sociedade realmente espera”, afirmou.

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