Fato Verdade

Pela prévia do IBGE, Feira tem 47 mil habitantes acima de Aracaju

Pela prévia do IBGE, Feira tem 47 mil habitantes acima de Aracaju

Como assim Aracaju com 605.305 habitantes pelo censo inconcluso do Instituto Nacional de Geografia e Estatística – IBGE – do último dia 28 de dezembro de 2022, há menos de uma semana?

O que fizera a capital dos sergipanos para encolher em um ano e meio 67.305 habitantes? Sim, porque pelo censo aproximativo de julho de 2021 Aracaju era uma cidade composta por 672.614 aracajuanos.

Pelo censo da semana passada, ela encolheu para esses 605.305 que aparecem agora, e perdeu os 67.305 habitantes de que fala o segundo parágrafo aí acima.

Sem bairrismo, é preciso dizer que não tem lógica, cabimento e nem sustentação. Teria uma explicação? É algo também difícil. Tão difícil que nem mesmo os 20% que ainda restam a ser concluídos do censo de 2022 serviriam de perspectiva ou de consolo reparativo para essa perda.

Portanto, parece justo dizer que seguramente algo de injusto está sendo aplicado. Seria uma perda indeliberada de dados, um vazamento na estatística aracajuana? Ou uma tendência nacional a não confirmar o que o Brasil pensava ser no tamanho?

Ora, mas como que é a cidade locomotiva entre as demais 74 unidades municipais de Sergipe pode decrescer tanto, enquanto há fenômenos de crescimentos nas demais, inclusive entre os seus vizinhos conurbados?

Repare nisso, leitor: de julho de 2021 para dezembro de 2022 o município da Barra dos Coqueiros, o menor dos quatro que compõem Grande Aracaju, pulou de 31.439 para 41.644 habitantes. Isso são 10.205 habitantes a mais.

O segundo maior, São Cristóvão, capital do Estado até 17 de março de 1855, saiu de 92.090 para 95.700, anexando 3.610 habitantes a mais, e Nossa Senhora do Socorro, uma espécie de Feira de Santana demográfica de Sergipe, pulou de 187.733 para 192.375. Ou 4.642 habitantes a mais.

Veja exemplos vindos de pontos mais distantes do Estado: Itabaiana ganhou um acréscimo populacional de 6.176 – saindo dos 96.839 de julho de 2021 para os 103.620 de agora – e Nossa Senhora da Glória, na entrada do Sertão, veio de 37.715 para 41.267, ou 3.552 pessoas a mais.

Não servem de consolo para Aracaju nem mesmo os tombos populacionais atribuídos pelo IBGE a Lagarto, que caiu de 106.015 para 101.642 – menos 4.373 habitantes – e a Tobias Barreto, que desceu de 52.861 para 50.583, numa perda populacional de 2.278

Os 605.305 habitantes que o censo inconcluso de 28 de dezembro dá a Aracaju abrem uma broca em desvantagem para ela de 47.283 habitantes na comparação com a big e bela cidade baiana de Feira de Santana, que deu um pulo de 624.107 de 2021 para 652.592 de agora, deixando-a com um efetivo populacional acima das populações de oito capitais brasileiras. Os feirenses estão dando cabriolas de felicidade.

O que eventualmente pode abalar ainda mais a autoestima aracajuana é que até 2021 a vantagem dessa cidade sergipana sobre a baiana, chamada de Princesa do Sertão, era de 48.507 habitantes a mais. A perda populacional de Aracaju para Aracaju mesma é de nada menos que 67.305 habitantes de 2021 para 2022. E daí a indagação do “como assim” lá na abertura desse texto.

Se esses forem os números reais no batimento final ainda a ser feito no censo pelo IBGE, talvez a explicação para o tombo aracajuano esteja numa superestimação feita nos diversos censos aproximativos recentes que lhe deram aquela população de 672.614. Ter-se-ia estimado o que os reais índices da contagem não confirmam agora.

Mesmo assim continuará estranho, mais ainda face ao fato de que as três outras cidades da Grande Aracaju mostraram avanços populacionais, estando plasmadas numa mesma realidade de conurbação. São parede-meia.

Fazer o quê? O fato é que, para além de um mero arranho de autoestima, a cidade de Aracaju, com seus 67.305 a menos, perderá boas boladas de receitas públicas nos repasses de recursos do Estado e da União, cujos cálculos são feitos sobre o efetivo populacional. Don’t cry!

Aracaju: locomotiva de Sergipe, surpreendida com perda significativa de população

Barra dos Coqueiros: cresceu em menos de dois anos mais de 10 mil habitantes

Itabaiana: um pulo de 6.176 habitantes, ultrapassando a barreira dos 103 mil

Feira de Santana: crescimento fantástico e ultrapassagem larga de Aracaju

[*] JOZAILTO LIMA é jornalista, original de Várzea do Poço, morou 11 anos aqui em Feira e está há 32 em Aracaju, onde mantém o Portal JLPolítica, no qual este texto foi originalmente publicado nesta terça-feira, 3.

 

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