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Polícia alemã expulsa ativistas de vilarejo condenado

Polícia alemã expulsa ativistas de vilarejo condenado


Forças de segurança removeram ativistas que tentavam impedir a demolição de Lützerath, que se tornou um campo de batalha ambiental nos últimos dias. Vilarejo será arrasado para expansão de mina de carvão a céu aberto. Protesto com presença de Greta Thunberg termina em conflito na Alemanha
Autoridades alemãs disseram neste domingo (15) que removeram ativistas climáticos empoleirados em árvores da vila de Lützerath, um dia após uma série de confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
“Não há mais ativistas no vilarejo de Lützerath”, disse a polícia, acrescentando que as construções já haviam sido esvaziadas na sexta-feira, e agora 35 “estruturas em árvores” e quase 30 construções de madeira também foram removidas.
Após a conclusão do despejo, o que resta da aldeia será arrasado para que a expansão de uma mina a céu aberto possa prosseguir. A localidade se tornou nos últimos meses um ímã de ativistas do clima e símbolo da luta por um futuro menos poluente.
Policiais da Alemanha em Luetzerath, em 14 de janeiro de 2023
Christian Mang/Reuters
A gigante de energia RWE tem a intenção de destruir Lützerath para extrair linhito localizado embaixo da localidade. As atividades de mineração deverão ser retomadas nos próximos meses para atender à demanda energética ligada à crise de abastecimento que atingiu a Alemanha após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Ativistas climáticos argumentam que a vila e outras próximas não devem ser demolidas e o carvão sob elas deve ser deixado no solo e que a queima do linhito prejudica os esforços da Alemanha para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
As tensões entre policiais e ativistas aumentaram no sábado, com forças de segurança fazendo uso de canhões de água e cassetetes contra os manifestantes.
Cerca de 20 manifestantes ficaram feridos e foram levados ao hospital, disse um médico ligado a grupos de protesto.
Situação calma no domingo
A situação em Lützerath estava calma no domingo, disse um porta-voz da polícia.O porta-voz disse que cerca de 70 policiais ficaram feridos desde quarta-feira, quando a polícia começou a expulsar as pessoas da área. Muitos desses policiais ficaram feridos durante os confrontos de sábado, acrescentou o porta-voz.
Indigo Drau, porta-voz de um grupo que protesta contra a destruição da aldeia, acusou a polícia de “pura violência” durante os confrontos de sábado.
Ela acusou as forças de segurança de espancar os manifestantes “sem restrições”. Os organizadores disseram que cerca de 35.000 manifestantes participaram do protesto de sábado, enquanto as autoridades policiais estimaram o número em cerca de 15.000.A polícia negou as acusações de violência contra os manifestantes.
Processos criminais foram instaurados em cerca de 150 casos, disse a polícia, incluindo acusações relacionadas à resistência contra policiais e danos à propriedade.
O protesto de sábado foi organizado em apoio aos manifestantes que ocupavam o local abandonado e foi liderado simbolicamente pela ativista ambiental Greta Thunberg, que discursou no local.
“É uma vergonha que o governo alemão firme acordos e compromissos com empresas como a RWE”, declarou Thunberg de uma tribuna. “O carvão de Lützerath deve permanecer no solo”, proclamou diante dos manifestantes, pedindo para que não se sacrifique o clima às custas do “crescimento a curto prazo e da ganância empresarial”.
Lützerath como ponto crítico no debate climático
Lützerath se tornou um ponto crítico no debate sobre a mudança climática na Alemanha desde que o governo alemão permitiu que o maior fornecedor de energia do país, a RWE, usasse o carvão da região para atender às demandas de energia.
O governo alemão disse que o país precisaria aumentar o uso de carvão para lidar com qualquer potencial escassez de suprimentos de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A RWE argumenta que o carvão na área é necessário para abastecer centrais durante os meses de inverno.
O ministro da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde da Alemanha, disse em junho passado que o aumento da queima de carvão era “amargo”, mas “simplesmente necessário” para reduzir o uso de gás. Antes da guerra na Ucrânia, a Alemanha obtinha grande parte de seu gás da Rússia.

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