Governador republicano do Texas pressiona governo, despejando levas de imigrantes na porta da residência da vice-presidente do país, Kamala Harris. Ônibus com migrantes estacionam perto da casa da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris
Véspera de Natal, temperatura negativa e cerca de cem imigrantes latino-americanos são despejados ao relento e sem agasalhos em frente à casa da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, em Washington.
Essa antítese do espírito natalino é mais uma iniciativa do governador republicano do Texas, Greg Abbott, que desde abril vem mandando para cidades controladas por democratas ônibus abarrotados de pessoas que cruzam as fronteiras do estado.
Não é a primeira vez que o destino desses passageiros é o endereço da vice-presidente, encarregada por Joe Biden para tratar da imigração ilegal na fronteira sul dos Estados Unidos.
“Ela é a czar da fronteira. Como não desce ao Sul, nós garantiremos que ela veja o problema em primeira mão”, alegou o governador em setembro, quando enviou a primeira leva de imigrantes para a porta de Harris.
Grupos de ajuda humanitária denunciam que os estrangeiros são ludibriados e embarcam em ônibus fretados, sem conhecer o seu destino.
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Abbott não está só na empreitada. Os governadores republicanos Ron DeSantis, da Flórida, e Doug Ducey, do Arizona, também já mandaram ônibus cheios de requerentes de asilo para as cidades-santuário, como Nova York, Filadélfia e Chicago, onde as autoridades são desencorajadas a deportá-los.
A manobra deste Natal, sob um dos invernos mais rigorosos dos EUA, foi qualificada pela Casa Branca como um golpe cruel, desumano e vergonhoso. Desde abril, Abbott gastou mais de US$ 13 milhões (R$ 64 milhões) para remover rapidamente mais de 15 mil imigrantes que chegaram ao estado.
Migrantes, principalmente da Venezuela, uma noite de baixas temperaturas, em El Paso, em 23 de dezembro de 2022.
Reuters
“A estratégia de ônibus forneceu com sucesso o alívio necessário para nossas comunidades fronteiriças”, justificou o governador em nota no mês passado.
O jogo duro de Abbott e seus colegas republicanos tem como alvo principal o presidente Joe Biden, a quem criticam de ser fraco na condução da política migratória. O governo pediu a suspensão da regra denominada Título 42, implementada pelo ex-presidente Donald Trump, que permite a deportação imediata dos imigrantes em situação irregular.
Governadores de estados republicanos recorreram então à Suprema Corte para travar a decisão, e o prazo de validade da norma foi estendido até quarta-feira (28).
Desde que Biden assumiu o cargo, estima-se que mais de um milhão de pessoas entraram ilegalmente no país. A prometida legislação para reformar o sistema de imigração não avançou no Congresso.
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