Analistas afirmam, no entanto, que a alta é fruto de um movimento especulativo e que não deve se sustentar. Americanas encontrou inconsistência contábil de R$ 20 bi.
Ueslei Marcelino/ Reuters
Esta sexta-feira (13) começou mais positiva para a Americanas na bolsa. Os papéis da varejista avançavam cerca de 18% perto do meio-dia, ensaiando uma recuperação após a queda histórica das cotações na véspera (-77%) – reflexo do escândalo contábil que reportou “inconsistências” de R$ 20 bilhões no balanço da empresa.
A queda foi a maior para uma empresa na bolsa brasileira desde 2008 e fez com que a Americanas perdesse mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado. Nesse cenário, analistas reforçam que a alta das ações da Americanas, hoje, é originada principalmente de um movimento especulativo.
“Na teoria, os números ainda não estão tão claros assim e a Americanas é uma empresa com patrimônio negativo. Isso significa que a empresa não tem fundamento nenhum. Então a maior parte do movimento que vemos agora é de gente querendo especular e tentar algum ganho, tentando comprar um ativo que caiu quase 80% para vender nessa alta de 20%. Isso não deve se sustentar”, afirma o responsável de renda variável da SVN Investimentos, André Luzbel.
Assim, mesmo com o movimento mais positivo de hoje, o papel já passou por leilões na primeira metade do pregão desta sexta-feira (13) e são negociados a pouco mais de R$ 3, ainda bem abaixo dos R$ 12 – nível em que as ações se encontravam antes das notícias sobre o valor bilionário registrado de forma inapropriada nos resultados da empresa.
O leilão é um “mecanismo de defesa” que interrompe as negociações comuns para tranquilizar momentos de variação bruta de papéis na bolsa.
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Nesse cenário, analistas contam que a principal expectativa dos investidores fica por entender como a empresa deve reequilibrar as contas.
“Precisamos entender se a empresa vai transformar a dívida em ações, transformando quem era credor em acionista, por exemplo, ou se a companhia vai acabar dando calote e entrando em recuperação judicial. Além disso, eles também já mencionaram que devem fazer um aumento de capital, então precisamos ver como se dará esse aumento e se será suficiente. Tudo ainda é muito arriscado”, completa Luzbel.
O alvoroço nos mercados acionários começou na quinta-feira (12), após a Americanas divulgar um comunicado na noite anterior avisando que os recém-empossados presidente da empresa, Sergio Rial, e diretor de relações com investidores, André Covre, decidiram renunciar após a descoberta de “inconsistências em lançamentos contábeis” no valor de R$ 20 bilhões.
Em conferência na manhã da quinta-feira (13), Rial, afirmou que a empresa segue vendendo e é “absolutamente viável” e que “os acionistas de referência permanecem comprometidos com o futuro” da Americanas. Ele reforçou, no entanto, que o nível de dívida agora é incompatível para que a empresa prossiga com suas operações e que uma capitalização precisará acontecer.
Em nota, a Americanas informou que ainda não é possível determinar todos os impactos do rombo na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia. A empresa ainda criou um comitê independente para apurar o rombo bilionário.
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