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Panetone de açaí, tucumã e tacacá: como a criatividade brasileira mudou a receita original italiana

Panetone de açaí, tucumã e tacacá: como a criatividade brasileira mudou a receita original italiana


Podcast ‘De onde vem o que eu como’ explica como escolher o produto no supermercado. Saiba quem é o ‘Toni’, personagem por trás da lenda sobre a criação do alimento. Panetone foi inventado na Itália e é famoso no Brasil.
Unsplash /Jennifer Pallian
Farinha de trigo, água, açúcar, manteiga, ovos, frutas secas, fermento e… mais nada. O panetone clássico italiano passa longe da diversidade de sabores que o produto ganha em solo brasileiro: tem de goiabada, de chocolate, de presunto e queijo, e até outros mais exóticos.
O professor de confeitaria do Senac São Paulo, Bruno Lambert, explicou que, na Itália (berço do panetone), o alimento não pode ter cobertura – nada de calda de chocolate ou pedaços de amêndoas. Senão, não é panetone: “O máximo que eles deixam é usar mel ou extrato de malte, que dão um sabor a mais. O que diferencia um panetone do outro é o aroma que se coloca e o preparo do fermento natural”.

OUÇA essa história no podcast “De onde vem o que eu como”. O episódio também traz dicas de como escolher um produto de qualidade no supermercado. Na sequência, veja mais curiosidades sobre este alimento:
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Lenda do ‘Pão de Toni’
A história do panetone tem várias versões. Uma delas teria acontecido em uma noite de Natal, no século XV, quando o cozinheiro de Ludovico Sforza, o duque de Milão, queimou um bolo que seria o ápice do banquete.
Foi aí que o ajudante (o Toni) usou o fermento natural que ele tinha e criou o famoso doce de Natal, que recebeu o nome de “pão de Toni”, ou “pane di Toni ” em italiano – para delírio dos “tios do pavê” espalhados por aí.
Mas o professor Bruno Lambert conta que não é possível determinar que o panetone tenha surgido de um fato específico, e sim de uma receita construída durante séculos: “O panetone sempre foi consumido perto do Natal porque o pessoal guardava as especiarias e frutas, os ingredientes mais nobres, para usar nessa época do ano”.
A receita veio para o Brasil no período da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), junto com imigrantes italianos. E aqui, ganhou outros ingredientes.
Ines Monteiro: ela faz panetones de pirarucu, banana pacovan e tacacá.
Acervo pessoal.
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Pirarucu, tucumã, bacalhau e açaí
A lista de panetones da Ines Monteiro é longa. Ela mora em Manaus (AM) e produz as receitas para vender nessa época do ano.

Ines conta que recebeu críticas quando começou a inovar: “Todo mundo achou que eu tinha surtado. Mas comecei a enviar fotos dos panetones e isso aguçou a curiosidade das pessoas”.
São vários sabores: tacacá, camarão, açaí, bacalhau, pirarucu, tucumã (fruto da Amazônia) e banana pacovan (ou banana-da-terra).
Os preços das opções doces e salgadas variam de 60 a 200 reais.
“Cada ano recebo um reconhecimento diferente. É muito legal legar outros sabores para a mesa das pessoas”, diz Ines.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), em 2021, as vendas de panetones movimentaram 800 milhões de reais no país. O chocotone é o preferido dos brasileiros, seguido pelos panetones de frutas cristalizadas e os recheados.
Panetones de pirarucu e camarão (acima). Receitas variam entre doces e salgadas.
Acervo pessoal.
Os panetones da Ines Monteiro reúnem sabores tradicionais da região Norte do país.
Acervo pessoal.
OUÇA também:
De onde vem o que eu como: banana

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